A Agroecologia e a Soberania Alimentar no fortalecimento do Ensino Médio/Educação Integral na Escola Estadual Professora Nair de Oliveira Santana, Cabana do Pai Tomás/Belo Horizonte
O presente projeto parte do princípio da alimentação como um ato político, tendo a Agroecologia como um campo de confluência que possibilita construir conhecimento horizontalizado e colaborativo, agir no campo das práticas sociais e fazer da escola um território de força para a busca da soberania alimentar. Objetiva-se realizar a pesquisa e a intervenção sobre a alimentação como prática inerente à condição humana, envolta nas interações com a natureza e na produção com o trabalho, a partir uma rede de pesquisadores/as, integrantes de movimentos sociais, docentes e especialistas, em diálogo com sujeitos do espaço escolar.
A Agroecologia é vista, a um só tempo, como ciência, técnica e tecnologia e movimento social, sendo acionada como fundamento teórico e prático, operando na triangulação trabalho/educação/alimentação. O território escolhido é a Escola Estadual Nair de Oliveira Santana, localizada no Aglomerado Cabana do Pai Tomás, em Belo Horizonte/MG, tendo como público-alvo o Ensino Médio/Educação Integral. A Cabana é território no qual a equipe desenvolve ações de extensão popular e divulgação científica na última década, especialmente, nos últimos anos, em alguns espaços escolares. Ela é entendida como um território múltiplo, carregado de complexidades e com uma história marcada, desde a sua ocupação nos anos 1960, pelas resistências e pelo pertencimento material e simbólico, na tensão entre a periferialidade e o projeto de modernidade excludente que marca a cidade.

A escola incorpora, apropria e reconfigura tais elementos históricos e sociológicos. Assim, considerando os indicadores que apontam nos últimos anos, sobretudo no contexto pandêmico e pós-pandêmico, o aumento da pobreza nutricional, da fome e das gradações da insegurança alimentar, tem-se a escola como um lugar que sintetiza as contradições dos processos de vulnerabilização de um aglomerado e, ao mesmo tempo, atua na educação como lugar de horizontes futuros de superação.
Por meio de uma metodologia triangular, que conjuga a análise qualitativa com a quantitativa, tem-se duas frentes, com a coleta de dados e a investigação participante, em que o olhar para a escola transita entre o micro e o macrossocial. Em um primeiro percurso, busca-se o/a: desenvolvimento de sequências didáticas de forma colaborativa; construção de hortas comunitárias como unidades produtivas e colaborativas no espaço escolar, entendendo-as como espaço de ensino e aprendizagem; promoção de espaços formativos com docentes, discentes e funcionários; práticas de leitura e produção textual e de produção editorial a partir da Agroecologia.

Na correlação macroespacial, também almeja-se o/a: reflexão sobre os processos históricos que envolvem a alimentação no interior da política e da cultura brasileira e do Sul global; analisar, histórica e sociologicamente, os impactos Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE), seus percursos e como a escola o apropria; impacto das políticas públicas referentes à alimentação escolar; as práticas alimentares e suas variáveis sociais e culturais; a Agroecologia na educação básica como canal de amplitude para a conquista da soberania alimentar.
O projeto está fundamentado nos chamados Estudos CTS (Ciência, Tecnologia e Sociedade), assim como nos referenciais da pedagogia histórico-crítica de José Luiz Gasparin, que contribuem para fundamentar os processos que envolvem o conhecimento que se constrói, do processo produtivo ao ato de comer, em meandros sociotécnicos e problemas que demandam o desenvolvimento de estratégias didático-metodológicas.

Em um país marcado pela hegemonia do agronegócio e pela primazia do modelo agroexportador, busca-se como resultado mudanças físicas do espaço escolar e das práticas dos seus sujeitos. A Agroecologia como campo aglutinador aciona esses diversos atravessamentos e atribui à alimentação componentes de sociabilidade, classe, raça e gênero. Na perspectiva da atitude interdisciplinar permanente, democrática e calcada na correlação teoria/prática, entende-se a escola como espaço por onde outras formas de trabalhar, produzir, interagir com a natureza podem conduzir à soberania alimentar.

Projeto aprovado pela FAPEMIG(Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais)
MODALIDADE: “CHAMADA FAPEMIG014/2023 – PESQUISA PARA INOVAÇÃO NA EDUCAÇÃO BÁSICA”
Coordenador
Bráulio Silva Chaves – Departamento de Ciências Sociais e Filosofia (CEFET-MG)
Bolsistas
Adrielly de Souza Ribeiro Basílio – Ciências Sociais (UFMG)
Maria Fernanda De Castro Martins- Ciências Socioambientais (UFMG)
Integrantes
Rita De Cássia Marques/ Cláudia Gomes França/ Cristiana Guimarães Alves/ Lucas Araújo Dutra Rodrigues/ Tiago Filizzola Lima/ Emmanuel Duarte Almada/ Mariana Oliveira E Souza/ Brisa Lourenço Braga/ Géssica De Souza Euzébio/ Polyana Aparecida Valente/ Marta Passos Pinheiro/ Tânia Maria De Almeida Alves/ Flora Rodrigues Gonçalves/ Ildefonso Binatti/ Jeferson Figueiredo Chaves/ Thiago Leonardo Oliveira Quaresma/ Thasso Caminhas Vieira/ Maria Vitoria Rodrigues Peixoto/ Maria Cecília Gonçalves/ Karine Araújo Evangelista/ Celina Maria Modena/Adalgisa Kelly Da Silva/ Luciana Aparecida Silva De Azeredo/ Fernanda Menezes Moreira/ Luã Thales Torres De Melo/ Thiago Leonardo Oliveira Bertolino/ Mar Borges Afonso/ Adrielly De Souza Ribeiro Basílio/ Ludmila De Vasconcelos Machado Guimarães/ Mariana Cristina Silva Santos/ Camila Neves Figueiredo/ Renata Pereira De Oliveira/ Marlos Henrique Alves Gomes/ Kamille Gomes Chaves De Oliveira/ Pedro Igor Guimarães Santos Xavier/ Mariana Guedes Machado/ Lília Maria De Oliveira/ Ana Alice Santos Aguiar/ Ester Macedo Santana/ Nicolly Perroni Maia Tavares/Caio Palhares Rocha Porto/ Iandra Gomes Dos Santos/ Julia Rinco Simão/ Marilia Duarte De Souza