Artes de Curar, Rezar e Brincar: saberes, tradições e suas resistências ao apagamento no aglomerado Cabana do Pai Tomás
Falar da história da Cabana é falar das manifestações culturais vivenciadas no território. É falar do papel da religiosidade fortemente atravessada pela cultura afro-brasileira. “Esse rosário vai somar mais uma ponta, não tem jeito esse mistério”, conta Dona Odete, capitã-mor da Guarda de Congo São Benedito e Nossa Senhora do Rosário do Cabana do Pai Tomás, relatando o surgimento da Guarda de Congado em 1993.
Seriam as Guardas de Congado a manifestação das Artes de Rezar da Cabana? É falar da ocupação conquistada e da luta por serviços públicos, escolas, centros de saúde e por outras práticas populares vinculadas às tradições e à ancestralidade.
São raizeiras e raizeiros, benzedeiras e outras e outros que fazem de quintais, da oralidade e das famílias a chama que mantém viva outras formas de relações com o corpo, a mente e a natureza. Seriam esses sujeitos a manifestação das Artes de Curar da Cabana?

Por entre vielas, becos, ruas, morros ainda permanecem brincadeiras antigas, jogos e formas de se comunicar e se relacionar que diferem da dependência com o celular. São brincadeiras que mantém um elo com a Cabana lá de trás, em que, diante da ausência de estruturas, por entre lonas e barracos da resistência que crianças buscaram formas de se divertir. Seriam essas práticas a manifestação das Artes de Brincar da Cabana?
São esses sujeitos, saberes e práticas do território que o projeto Artes de Curar, Rezar e Brincar buscou registrar e encontrar canais de visibilidade. O desejo de produção partiu de uma demanda da própria comunidade a respeito da necessidade de resistir ao processo de apagamento dos saberes populares e tradicionais que são produzidos e circulam no território da Cabana.
O projeto tem como resultado uma multiplicidade de produtos, de gêneros textuais diversos. A tecnologia do CEFET-MG, que muitas vezes se coloca como neutra e utilitarista, precisou ser reposicionada em sua dimensão social, sendo a mediadora da visibilização dessas artes. As possibilidades de materializar essas práticas romperam as páginas de papel, ganharam também a tela de cinema, com um documentário, além de entrevistas, depoimentos, registros documentais da história da comunidade, áudios, vídeos e imagens.
São produtos tecnológicos que ultrapassaram a fronteira das máquinas e estão consagrados por mestres e mestras dos saberes tradicionais e ancestrais da Cabana do Pai Tomás.
Equipe
Coordenadores do SoFiA e do Projeto Artes de Curar, Rezar e Brincar
- Bráulio Silva Chaves – Departamento de Ciências Sociais e Filosofia (CEFET-MG)
- Cláudia Gomes França – Departamento de Arte, Design e Tecnologia(CEFET-MG)
Curadoria do Museu
- Bráulio Silva Chaves – Departamento de Ciências Sociais e Filosofia (CEFET-MG)
- Ester Macedo Santana – Graduanda em História (UFMG)
- Jéssica Silva Gomes Santos – Integrante da Guarda de Congo São Benedito e Nossa Senhora do Rosário
- Lorrayne Batista – cria da Cabana do Pai Tomás, jornalista e comunicadora periférica
- Lucas Araújo – Doutorando em Saúde Coletiva (Instituto René Rachou– FIOCRUZ MINAS)
Colaboradores(as) e Apoio técnico
- Adrielly de Souza Ribeiro Basílio – Graduanda em Ciências Sociais (UFMG)
- André Rodrigues da Cruz – Professor do Departamento de Computação (CEFET-MG)
- Géssica Euzébio – Bolsista do SoFiA
- Mar Borges Afonso – Graduanda Ciências Sociais (UFMG)
- Marília Duarte de Souza – Bolsista de Pós-doutorado SoFiA
Desenvolvimento do site Crias do Cabana
- Arthur dos Santos Oliveira – Graduando em Engenharia de Computação (CEFET-MG)
- Caio Palhares Rocha Porto – Graduando em Engenharia de Computação (CEFET-MG)
- Jeferson Chaves – Professor do Departamento de Computação (CEFET-MG)
- Maria Vitória Rodrigues Peixoto – Graduanda em Engenharia de Computação (CEFET-MG)
- Pedro Henrique Ferreira Santos – Graduando em Engenharia de Computação(CEFET-MG)
Equipe discente 2024
- Alberto Luiz – Graduando em História (UEMG)
- Ana Alice Santos Aguiar – Técnico em Meio Ambiente(CEFET-MG)
- Brisa Lourenço Braga – Graduanda em Eng. Ambiental e Sanitária (CEFET-MG)
- Emanuelle Prates – Graduanda em Geografia (PUC-MG)
- Ester Macedo Santana – Graduanda em História (UFMG)
- Maria Fernanda De Castro Martins – Graduanda em Ciências Socioambientais (UFMG)
- Nicolly Perroni Maia Tavares – Graduanda em Filosofia (UFMG)